quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Estudos da Suma Teológica - Os Atos Humanos: Sua Natureza, Estrutura e Dinamismo - Parte I (I-IIae, Q. 6-17)

Resultado de imagem para santo tomas de aquino
Q. 6.: O Voluntário e o involuntário

  • O voluntário se encontra nos atos humanos: contém em si seu principio de movimento e o conhecimento do fim.
  • Os animais possuem um voluntário imperfeito: só apreende o fim, não a razão do fim, e nem a proporção do fim.
  • O voluntário pode existir sem ato: querer, não querer.
  • A vontade não pode sofrer violência.
  • A violência causa o involuntário, pois se opõe diretamente ao voluntário.
  • O medo não causa o involuntário de modo absoluto.
  • A concupiscência não causa o involuntário. 
  • Nem toda ignorância causa o involuntário. Existem tres tipos de ignorância:
    • Por concomitância: acompanha a ação sem a influenciar
    • Por consequência: é causada por um ato de vontade
    • Por antecedência: se quer porque se ignora.
Q.7:Circunstância dos atos humanos
  • É um acidente do ato humano.
  • As principais são "por quê" e "o que se faz".
Q. 8: A vontade e seu objeto.
  • A vontade é somente do bem. Tudo aquilo que é apreendido in ratione boni.
  • A vontade é do fim e daquilo que é para o fim.
Q.9.: O que move a vontade
  • O intelecto, o apetite sentitivo, ela mesma, principio exterior (ex: objeto), Deus.
Q.10.: O modo de mover-se da vontade
  • Naturalmente (ao bem universal).
Q. 11: A fruição, que é ato da vontade; 
  • Santo Agostinho: "Fruir e ligar-se amorosamente a alguma coisa por si mesma."
  • Fruir é ato da potência apetitiva.
  • As criaturas irracionais, o frui é imperfeito.
  • A fruição é só do Fim último (em seu sentido próprio) - simpliciter. Mas dos fins relativamente últimos, a fruição pode ser dita secundum quid.
  • Há fruição tanto no fim possuido, quanto no fim não possuido (imperfeitamente).
Q. 12.: A intenção - e seu objeto (a.1-2), seu ato (a.3-4), e se há nos irracionais (a.5).
  • É ato da vontade - tender para alguma coisa - relativamente ao fim; isso pode ser de 3 modos: (i) absolutamente - vontade -, (ii) enquanto nele repousa - fruição -, (iii) enquanto este é o termo de algo ordenado para ele - intenção.
  • Não é somente do Último Fim, mas o fim enquanto é termo do movimento da vontade.
  • Definição: "ato da vontade incidindo sobre o seu fim, fim último, primeiramente, fim intermediário depois."
  • Pode-se, ao mesmo tempo, ter intenção do fim próximo e do fim último, como elaborar o remédio e a cura.
  • Um só movimento é a intençao do fim e a vontade do que é para o fim.
  • Não há intencionalidade propriamente dita nos animais, uma vez que não tem intenção do fim.
Q.13.: A eleição do que é para o fim pela vontade.
  • É ato da vontade, da potência apetitiva, pois termina no movimento da alma para o bem que escolheu. Mas é a razão que lhe dá a forma. Íntima ligação.
  • Não convém aos animais, que não tem vontade, que é substancia da eleição. O apetite sensivel por si não é capaz de eleger.
  • Eleição é como conclusão do silogismo prático. 
  • O fim enquanto fim não é objeto de eleição.
  • A eleição é sempre dos atos humanos, não do fim; somente de coisas possiveis.
  • A eleição do que é para o fim é livre; a eleição do fim, não: se dá necessáriamente (a beatitude)
Q.14.: A deliberação (consilio), que precede a eleição.
  • A deliberação é do que é para o fim.
  • Investigação, conselho (consilio); implica comparação feita entre muitas coisas. 
  • A deliberação tem por objeto nossas ações.
Q.15: O consentimento (consensu), que é ato da vontade, comparado com aquilo que é para o fim.
  • É ato da potencia apetitiva.
  • Implica a aplicação do sentido a algum objeto.
  • Designa a aplicação do movimento apetitivo a alguma coisa ja existente no poder de quem a aplica.
  • Ordem operativa: apreender o fim→apetite do fim→deliberação das coisas que são para o fim→apetite das coisas que são para o fim.
  • A aplicação do movimento apetitivo à determinação da deliberação é propriamente o consentimento.
Q. 16: O uso, que é ato da vontade, comparado com as coisas que são para o fim.
  • Santo Agostinho> "Usar é assumir algo pela potencia da vontade."
  • O uso de uma coisa implica sua aplicação a uma ação.
  • Fruir é melhor que usar; porque aquilo que é absolutamente apetecível é melhor do que é apetecível relativamente a outro.
  • Não se usa o Último Fim, se frui Dele.
  • O uso segue-se à eleição.
Q.17.: Os atos imperados pela vontade.
  • Imperar é próprio da razão. Impera sobre a vontade absolutamente: isto é para ser feito [hoc est faciendum]; intimação: faz isto [fac hoc].
  • Imperar é ato da razão, pressuposto o ato da vontade em virtude do qual a razão move por império para o exercício do ato.
  • O império precede o uso enquanto esta na razão que o refere ao fim. Mas o uso daquele que é para o fim, enquanto esta sujeito a uma potência executiva, segue-se ao império.
  • O ato da vontade e o ato da razão são imperados, os movimentos do corpo e o apetite sensitivo também. Só os da potência vegetativa não são.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Fama irrecuperável: As consequências da calúnia.

                                 Extemplo Libyae magnas it Fama per urbes, /                                   Fama, malum qua non aliud vel...