segunda-feira, 10 de setembro de 2018

A Teologia Apofática e A Hierarquia Celeste - Pseudo Dionísio Areopagita

"Observo também que o divino mistério do amor de Jesus aos homens foi primeiramente manifestado aos anjos e por meio deles chegou a nós a graça do seu conhecimento." (Capitulo Quarto)


Este é um mapa conceitual que criei a partir da leitura do livro A Hierarquia Celeste, do Pseudo - Dionísio Areopagita.
Este autor possui uma importancia singular em toda a filosofia medieval, sendo um dos mais citados e que percebemos que influenciou de forma importante a obra de Santo Tomás de Aquino, tanto em sua teologia natural, cuja ideia de teologia apofática ele traz do Areopagíta,  quanto em seu tratamento acerca das inteligencias puras, os anjos.

Quanto a teologia apofática, ou via negativa, o autor busca explicar que de Deus, pela nossa razão natural, nunca podemos afirmar o que Ele é - em razão tanto da infinitude divina que é inapreensível e incomensurável, quanto do nosso modo limitado de conhecer - mas somente aquilo que Ele não é. Sabemos que ele é infinito, que Nele não se pode encontrar limitação alguma, que não há nada que Ele não conheça em ato, que não tem partes (não é composto), etc. Tudo isso nos mostra a via negativa para ascender ao conhecimento de Deus pela razão natural, uma vez que não podemos apreende-lo imediatamente pelos nossos sentidos (uma vez que Deus tambem não é matéria). O autor do magnifico livro diz sobre isto:

"Ocorre por isto que as mesmas Escrituras enaltecem a Deidade com expressões totalmente dessemelhantes. Chamam-na de invisível, infinita, incompreensível e de outras coisas que dão a entender não o que é, mas o que não é. Esta segunda maneira, segundo o meu entender, é muito mais própria ao falar de Deus pois, como a secreta e Sagrada Tradição nos ensina, nada do que existiu se parece com Deus e desconhecemos sua supraessencia invisível, inefável, incompreensível (Col 1,15; I Tm 1,17; Hb 11, 27)." (Capitulo Segundo)

Deus é tão infinitamente superior a qualquer qualitativo que prediquemos a Ele, que qualquer palavra ainda vai ser insuficiente e não apreenderá tudo o que Ele é. De fato, o emprego da analogia para falar das coisas de Deus é um dos pontos importantes desenvolvidos por Santo Tomás nesse quesito. A analogia, busca mostrar uma certa semelhança entre o sujeito e predicado, mas ao mesmo tempo, revela a dessemelhança entre ambos. Ainda sobre a via negativa, [Pseudo] Dionísio diz:

"Posto que a negação parece ser mais apropriada para falar de Deus, e a afirmação positiva é sempre inadequada para o mistério inexpressável, convém melhor referir-se ao invisível por meio de figuras dessemelhantes." (Capitulo Segundo)


Sobre as Hierarquias Celestes: Mapa Conceitual que criei.
-Revelado pelas Sagradas Escrituras de modo simbólico e anagógico: "A teologia utiliza-se de imagens poéticas ao estudar essas inteligências, que carecem de figuras. Porém, como fica dito, o faz em atenção a nossa própria maneira de entender; serve-se de passagens bíblicas colocadas ao nosso alcance, em forma anagógica, para elevar-nos mais facilmente ao espiritual." (Capitulo Segundo)
-Transmitem aos demais os mistérios da Deidade: " Estas inteligências são as que mais rica e intimamente participam de Deus, e por sua vez são as primeiras e mais abundantes em transmitir as demais os mistérios escondidos da Deidade. Pelo que corresponde-lhes mais do que à ninguem o título de anjo ou mensageiro." (Capítulo Quarto)
-Nomes: "Modos distintos de receber a propriedade deiforme" (Capitulo Sétimo)
Alguns nomes: 
[PRIMEIRA HIERARQUIA] -> Tronos (remete à elevação até os cumes, do mais alto, perfeição); Serafim (inflamado, incandescente, enfervorizante, purificação);  Querubim (plenitude de conhecimento ou transbordante de sabedoria, iluminação);

[SEGUNDA HIERARQUIA]: -> Dominações (elevar-se livre e desagrilhoado de tendencias terrenas); Virtudes (alude à fortaleza viril, inquebrantável em toda obra, ao modo de Deus); Potestades (indicam a natureza ordenada do poder celestial e intelectual).

[TERCEIRA HIERARQUIA]: -> Principados (mando principesco que aqueles anjos exercem à imitação de Deus); Santos Arcanjos (intermediaria para comunicar aos anjos as iluminações que recebem de Deus por meio das primeiras hierarquias); Anjos (grau inferior, mais próxima dos seres humanos, velam por nossa hierarquia humana)

-Sobre as relações entre as hierarquias: "...as hierarquias superiores possuem em grau eminente os atributos de seus inferiores, enquanto que estes últimos não possuem a plenitude transcendente dos mais altos, se bem que a iluminação pura do Princípio lhes é parcialmente transmitida por meio dos primeiros na proporção da capacidade receptiva dos últimos." (Capitulo Décimo Primeiro)

" De fato, todos os seres inteligentes deificados participam na sabedoria e na ciência. Eles se diferenciam segundo o que esta participação venha diretamente da fonte ou de modo indireto e inferior, conforme a capacidade de cada um. Into se pode dizer de todos os seres inteligencias deificados, e assim como a primeira ordem possui em plenitude os santos atributos de suas inferiores, estes tem também os dos superiores, ainda que em menor proporção, não de igual modo." (Capítulo Décimo Segundo)

Temos que encher-nos de coragem, já que a graça do Senhor não nos há de faltar; Deus estará ao nosso lado e enviará seus Anjos para que sejam nossos companheiros de viagem, nossos prudentes conselheiros ao longo do caminho, nossos colaboradores em todas as nossas tarefas. In manibus portabunt te, ne forte offendas ad lapidem pedem tuum , continua o salmo: os Anjos te levarão nas mãos, para que teu pé não tropece em pedra alguma.
É Cristo que passa, 63 - São Josemaria Escriva.

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