domingo, 24 de março de 2019

As Fundações do Pensamento Político Moderno - Quentin Skinner (Parte I)

Esta é uma síntese do livro clássico As Fundações do Pensamento Politico Moderno (Companhia das Letras, 1996), de Quentin Skinner. Cobre apenas a parte I  (As Origens da Renascença) do livro. Pode ser útil para estudantes de História da Filosofia Politica e do Pensamento Juridico. Espero que ajude! 

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Quentin Skinner (1940- )

Skinner tenta buscar as origens do pensamento politico moderno na Itália do séc. XIII e em seus ideais de liberdade e independência politica. Ao contrário da narrativa tradicional, já podemos encontrar as raízes da Renascença nesta Itália dos séculos XII e XIII.

Para compreender o contexto no qual nasce essa forma de pensamento político, precisamos ir ao Norte da Itália no século XI até a primeira metade do século XII, nas quais as cidades já não tinham caráter feudal, o governo era consular, e os cônsules trocavam de cargo quase anualmente. As principais cidades neste modelo eram :Pisa (1085), Lombardia, Toscana, Milão (1097), Arezzo (1098), Luca, Bolonha, Siena (1125).

Já na segunda metade séc. XII, o modelo consular entra em declínio, e há a ascensão do podestà - funcionário eleito investido de poder supremo - que parece ser uma forma mais estável de governo, se comparada com a forma consular. Esse é o modelo de republicas independentes em grande parte do Norte da Itália no fim do séc. XII, que apesar de tudo, não foi privada de conflitos, que começam a surgir nos inícios do século XIII, com facções internas, ameaça à liberdade e autonomia italiana e a ascensão de déspotas e signores .

Esse modelo era algo inovador no conjunto do feudalismo medieval, e uma das teses de Skinner é de que o ideal de liberdade só pôde surgir a partir das condições politicas em questão. É curioso ver que juridicamente (de iure), essas cidades italianas eram vassalas do Sacro Império Romano, mas isso não tinha consequências práticas (de facto) em sua organização administrativa, podendo agir com uma independência grande, e sempre resistindo às tentativas de submissão de suas cidades aos suseranos. O recurso ao Papado inicialmente era um aliado contra o Império, mas depois passou a ser ameaça às liberdades conquistadas, pois muitas vezes, os Papas Juristas buscavam a legitimação de ambições seculares sobre o Regnum itálicum, como Bonifácio VIII e a Unam Sanctam (1302). Após a ameaça papal, alguns autores buscaram legitimar novamente a monarquia como possibilitadora da paz e da liberdade, como Dino Compagni (1255–1324), Dante Alighieri, Marsilio de Pádua (1275–1342) - que em seu Defensor Pacis, escrito em 1324, ataca as pretensões eclesiásticas temporais.

É sabido por todos que estudam a História do Direito que com o surgimento das Universidades, os estudos jurídicos de maior qualidade se concentraram na Universidade de Bolonha. Isso se deu porque os estudiosos de Bolonha tentaram solucionar algumas dificuldades legais nos estudos dos textos do Direito Romano, uma vez que havia um contraste entre a estrita observância ao Corpus Juris Civillis e outros textos de Direito Romano (cujo renascimento em seus estudos se deu no inicio do séc. XI) glosados nas Universidades italianas e a necessidade de defender-se das pretensões imperiais. Esse contraste se dava porque os textos favoreciam o Imperador e suas pretensões de domínio nas republicas da Itália. Surgem então, no inicio do século XIV, os Pós Glosadores, que tentavam solucionar esses problemas do domínio imperial.


Um dos pioneiros dessa escola de Pós Glosadores é Bartolo de Saxoferrato (1314–1357), que estudou em Bolonha e lecionou Direito Romano na Toscana e Lombardia. Sua pretensão - e a da escola que lhe sucedeu- era reinterpretar os textos romanos dando base legal para as cidades italianas, o que foi considerado uma ruptura com a escola de glosadores que o precedeu, que tinham o método de adequar os fatos ao texto legal; já Bartolo e os Pós Glosadores adequavam a lei aos casos e situações concretas.
Um dos instrumentos conceituais que usaram para isto foi a distinção entre o dominium imperial de iure e de facto. O imperador deve aceitar a situação de facto, ou seja, a de que os povos florentinos e outros não de prestam obediência. Bartolo, no seu comentário ao Digesto, diz que:
(…)no caso das cidades da Italia atual, e especialmente daquelas cidades toscanas que não reconhecem ninguém como superior a elas, julgo que constituem por si mesmas um povo livre, e portanto possuem o merum Imperium em si mesmas, tendo tanto poder sobre sua própria populaça quanto o imperador geralmente possui.” (Comentário ao Digesto)
Dessa forma, as Cidades governadas por povos livres constituem sibi princeps. Antecipa assim a tese de que “Rex in regno suo est Imperator”, e consequentemente, está em germe a tese da soberania nacional.


Tendo visto as condições políticas para o surgimento desse Renascentismo italiano, existem condições culturais e intelectuais que preparam este movimento, dentro do ensino da retórica e do pensamento escolástico.
O estudo da retórica - desde o século XI - ganha um papel politico importante, e seus desdobramentos levaram ao nascimento das obras de conselhos aos príncipes (Espelho dos Principes) - este estudo, da Ars Dictaminis, a partir do século XIII tem incorporada a Ars Arguendi, que consolida o papel político deste ensino.
A Escolástica, influenciada por Aristóteles - redescoberto há pouco na Espanha - , muda o paradigma de filosofia política e faz crítica ao agostinianismo politico predominante. Inúmeros italianos foram para Paris - centro dos estudos de Teologia Sagrada e de Aristóteles - estudar e regressaram e difundiram suas visões adequando às pretensões politicas das cidades. 
Junto com esse humanismo, e renovação do estudo dos autores latinos, surge um novo olhar à história de Roma: o melhor período teria sido o republicano e que o maior valor da vida política é a pax et concordia. Os principais autores deste período são Remigio de Girolami (+1319), Ptolomeu de Luca (+1327) - que conhecia e debatia com frequência com S. Tomás de Aquino, tendo completado a obra Do Governo dos Principes, de Aquino - e Marsilio de Pádua, que em seu Defensor Pacis (1324) defende a liberdade das cidades estado contra a intervenção da Igreja. A influencia desses autores é sintetizada por Skinner:
"(...)[A]s doutrinas de Marsilio e de Bartolo também tiveram uma importância ideológica imediata nas cidades-republicas italianas de seu tempo. Os dois pensadores não proporcionaram apenas a defesa mais completa e mais sistemática da liberdade republicana contra o advento dos déspotas: também introduziram um engenhoso método de se argumentar contra os apologistas da tirania em seus próprios termos. Como vimos anteriormente, a maior defesa dos déspotas de fins do Duzentos e de seus sucessores tomava a forma da tese de que, enquanto a conservação da liberdade republicana tendia a um caos politico, o governo de um signore unico sempre trazia consigo a garantia da paz. (...) É contra essa ortodoxia que a defesa da liberdade republicana montada por Marsílio e Bartolo tem de ser entendida. Eles concedem que o valor fundamental na vida politica consiste na conservação da paz. Mas negam que esta seja incompatível com a preservação da liberdade. A mensagem final que deixam para seus contemporâneos é, assim, que um povo pode desfrutar das bençãos da paz sem precisar perder a liberdade: e, para tanto, a condição é que o papel de 'defensor da paz' seja assumido pelo próprio povo." (SKINNER, 1996, p. 85-86) 


quinta-feira, 7 de março de 2019

Sintese biográfica de Santo Inácio de Loyola (J.M.S. Daurinac)

Essa é uma sintese dos principais eventos da vida de Santo Inácio de Loyola, a partir de sua biografia escrita por J.M.S. Daurinac (Edições Centro Dom Bosco). Este é um que marcou muito minha vida, e sempre me recorda que a vida do cristão é uma luta, um combate incessante, em que temos de nos ater ao Principio e Fundamento a todo momento, e escolher a cada momento combater no exército de Cristo. Espero que conhecer a vida deste grande santo possa fazer com que olhemos a Deus e queiramos, como Santo Inácio, fazer tudo para a maior glória de Deus!!! 
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PARTE 1: CORTESÃO E GUERREIRO (1491–1522)
  1. Filho de D. Beltrão Yanez de Onaz y Loyola e de D. Marina Saenz de Licona y Balda. O casal teve 11 filhos: 8 homens e 3 mulheres.Inácio nasce em 1491, no Castelo de Loyola. Os homens tinham disposições belicosas, e sua mãe rogava para que Inácio não as tivesse também. Mas o filho se mostrou ainda mais turbulento que seus irmãos
  2. O duque de Najera, D. Antônio Marique, tio de Inácio, fez com que Inácio fosse admitido na escola dos pajens do Rei Fernando, O Católico. Após terminada sua educação, continuou na corte, se ausentando apenas para os treinamentos em armas junto de seu tio. Na Corte, se sentiu atraido por uma princesa, e não era repelido; quando narrou ao Padre Gonçalves da Câmara este episodio, não aprofundou nele, apenas dizendo que a moça era de uma dignidade maior que a de duquesa, e dessa forma, se presume que seja uma princesa. E entre as princesas, só poderiam haver duas possibilidades na Espanha daquela época: Germana de Foix (sobrinha de Luis XII e viúva de Fernando, O Católico) e a jovem Catarina de Aragão.
  3. Com 26 anos, sai com seu tio para batalhar contra os castelhanos, que ocuparam Najera. Cercam a cidade, invadem e a cidade é entregue à pilhagem. Pacificação de Castela é feita com sucesso, e Ínácio volta à Valência por um tempo, mas a abandona quando seu tio, D. Antonio Manrique, que era o então Vice Rei de Navarra, o chama para que o acompanhe à cerimonia de sua posse. No meio do caminho soube-se que o Conde de Esparra, Andre de Foix, marchava sobre a Espanha com um grade exército. D. Manrique deixa suas tropas de Pamplona sob o comando de Inácio, e vai à provincia de Castela para procurar auxilio. Os franceses queriam reconquistar a Navarra espanhola em nome de Henrique de Albret, filho e herdeiro de D. João III, destronado por Fernando, O Católico. Navarra foi conivente com os reconquistadores e apoiavam Albret, em razão da repulsa que tinham a Fernando, uma vez que, uma vez que a Navarra independente foi conquistada, tornou-se mera provincia espanhola. Os franceses cercam Pamplona, e Inácio se recusa a render-se e tentam defender a fortaleza, e em 20 de Maio, são derrotados. 
  4. Inácio é ferido na perna esquerda e na direita (nesta, por uma bala de canhão que ricocheteia. É transportado ao quartel general dos franceses, e é recebido como herói até mesmo por Andre de Foix. Inácio pede ao general para que avise a D. Manrique que foi derrotado honradamente, e para que não tente resistir aos franceses, que são agora os senhores da praça. Após isso, é levado de liteira ao Castelo de Loyola.
  5. Seu pai falece, e D. Martim Garcia, irmão mais velho de Inácio, torna-se chefe de familia. Inácio descobre que sua perna direita foi mal curada, e fica com um calo ósseo que o deixa como que manco; para tentar curar, é preciso quebrar o calo ósseo formado, quebrar a perna de novo, unir as partes do osso, e aplicar um aparelho. Inácio aceita o doloroso tratamento, com receio de ficar disforme. Caí doente após a operação, de tal forma que recebe os últimos sacramentos, mas se recupera após uma visão em sonho na qual o Apóstolo São Pedro coloca a mão sobre ele e o cura. Após acordar, descobre que ficou coxo, após a primeira cirurgia. Se submete a outra, ainda mais dolorosa, que lhe manteve em repouso no Castelo por um tempo consideravel.
  6. Neste meio tempo, precisa se entreter de alguma forma, e pede para que D. Garcia lhe traga romances de cavalaria, que lhe alimentaram em sua imaginação militar; não encontrando romance algum, leva a Inácio dois livros piedosos — a contragosto de Inácio, de inicio — : (i) Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, de Frei Ludolfo e (ii) A Flor dos Santos. Inicia um processo de conversão, e de desapego às vaidades a que se prendia na Corte.Escrevia os trechos que mais lhe marcavam em um manuscrito que chegou a ter 300 paginas. Sente em um momento a vontade de abandonar tudo para servir somente a Deus, e pede a Santissima Virgem que aceitasse esse compromissos que tomava de viver para a glória do Divino Filho e ser fiel à sua bandeira e servir sob sua milícia e suas ordens.
  7. Sai de casa, levando apenas os manuscritos em 1522,
PARTE II: MENDIGO E PEREGRINO (1522–1524).
  1. Inácio, vestido como fidalgo, toma estrada que conduz a Barcelona. Vai a Monserrate, por-se sob proteção da Virgem Maria, Chega ao convento dos beneditinos e faz confissão geral com o Pe. João Chanones, e só a conclui após três dias. No dia 24 de Março, após a confissão, troca suas vestes de fidalgo da corte pelas vestes de um mendigo, e passa a noite fazendo sua “vigilia de armas”, na esperança de comungar no dia seguinte. No dia 25 de Março (Anunciação), abandona Monsserrate, querendo ir a Terra Santa.
  2. D. Inês Pascoal em Manresa, acolhe Inácio no Hospital Santa Lúcia. Perto de Manresa, encontra uma gruta de uns trinta passos de comprimento, e dez de largura, e estabelece lá sua morada. Sofre muito a sua saúde pelas numerosas penitencias e jejuns, e muitas vezes é levado ao Hospital Santa Lúcia. Até que D. Andre Ferreira de Amigante leva Inácio para sua casa até que ele se reestabeleça. 
  3. Retorna ao Hospital e seu confessor lhe impõe para que habite lá. Começa a ter visões místicas e passa a penetrar profundamente o mistério Trinitário, e Deus lhe dá conhecimento profundo sobre os mistérios da fé. Começa a sentir o chamamento a tornar Cristo mais conhecido por um trabalho apostólico. Em sua biografia, a autora põe essas palavras na boca de S. Inácio: “Não basta que eu sirva o Senhor Soberano do Céu e da Terra; é necessário que Ele seja amado por todos os corações; é necessário que todas as vozes o bendigam e cantem os seus louvores! Não basta que eu trabalhe para a minha própria perfeição; é necessário, para a maior glória de sua divina Majestade, que eu trabalhe para a dos outros!” (p. 75). Sai para Barcelona.
  4. Em Barcelona, 1523, conhece Inácio à D. Isabel de Rossel, que lhe ajuda a conseguir um navio que o aceite para que possa ir aos Lugares Santos. Vai a Roma pedir autorização para a viagem, e chega no domingo de Ramos de 1523. Consegue a autorização do Papa Adriano VI. Chega em 4 de Setembro em Jerusalem, e tem inspiração a formar uma compahia de discipulos para seu apostolado naqueles lugares. O provincial dos Franciscanos o proibe de ficar la, por não ter fundos nem para eles próprios, tanto menos para um peregrino.
  5. Volta e chega a Veneza em janeiro de 1524.
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TERCEIRA PARTE: MESTRE E DISCIPULO (1524–1534)

1. A sua resolução de fundar uma Companhia de Apóstolos mostrava-o a necessidade de formar-se intelectualmente para tal nas ciências humanas, uma vez que nas divinas, suas visões lhe haviam infundido grande ciência destas coisas. Resolveu, desta forma, ir a Barcelona para aprender os fundamentos da língua latina (Inácio já tinha 33 anos de idade), e para os auxílios no estudo conseguiu de seus amigos D. Isabel Rossel e D. Ines Pascoal o necessário em livros e esmolas. Inicia seus estudos com o professor Jeronimo Ardebalo, e teve muitas dificuldades nos estudos e na concentração, uma vez que se distraia muitas vezes à contemplar as maravilhas divinas. Para formar seu gosto na leitura, lhe indicam as obras de Erasmo, as quais Inácio não aprecia tanto quanto à Imitação de Jesus Cristo.

2. Inicia seu apostolado na cidade — reduzido, em razão do tempo que os estudos lhe consumiam — pelo Convento dos Santos Anjos, onde o fervor havia diminuído e os costumes degenerado. Pede ao Padre Martinho Puyalto, e consegue autorização para aplicar os Exercicios Espirituais; o resultado foi uma completa reforma e chama de fervor renovado, o que deixou descontentes vários homens mundanos, que tentaram matar certo dia a Santo Inácio e o Padre Puyalto — conseguem assassinar o segundo. Um homem, chamado Ribeira, confessa ser mandante do crime, e o santo o perdoa. Opera numerosos milágres em Barcelona, que o deixam com fama de santo.

3. Após dois anos de estudos básicos em Barcelona, seu professor lhe dirige à Universidade de Alcalá, para estudar Filosofia. Na partida, muitos querem o acompanhar fazendo-se discípulos do santo: D. João Pascoal — filho de D. Ines -, Miguel Rodez, e outros. Inácio rejeita o primeiro, prevendo que este irá se casar com uma moça virtuosa, mas há de sofrer muito por seus filhos, para a maior gloria de Deus, e ao segundo, diz que sua vocação é na magistratura. Aceita apenas a Calisto, Artiaga e Diogo Cazeros.

4. Chega em Alcalá em agosto de 1526. Conhece um estudante de Filosofia, D. Martinho Olavo, que há de ser um de seus filhos da Companhia. Aloja-se no hospital de Antezuma e usa seu tempo para o cuidado dos pobre e doentes, onde conhece um novo discipulo, João, que se junta aos três primeiros. Antes de iniciar as aulas, o santo tenta adiantar os estudos que haveria de fazer na Universidade — logica de Soto, Fisica de Alberto Magno e Teologia de Pedro Lombardo -, sem sucesso. Começa a servir os doentes, visitar aos pobres, explicar o catecismo às crianças e dar conferencias espirituais na sala do hospital, mas também faz um grande serviço na conversão dos estudantes universitários. Pelo sucesso que tem tido, alguns o denunciam à Inquisição de Toledo, da qual o inquérito o absolve, mas proíbe ele e seus discípulos de vestirem-se de forma a parecerem religiosos. Outro conflito com a Inquisição o proíbe de ensinar religião. Tendo sido frustrado seu apostolado na cidade, vai a Valladolid e depois à Salamanca, onde tem problemas com a Inquisição — por ser leigo, e ensinar religião, e por certas calúnias feitas a ele -, e é preso com Calisto. Sendo absolvido após as investigações provarem ser ele inocente e seu ensino ser orotodoxo, vai à Paris, onde, após um problema com alguns colegas de quarto, se abriga no hospital Saint Jacques. Seu apostolado em Paris conquista 3 jovens, que decidem abandonar tudo, dar seus bens aos pobres, e viver a santa pobreza: D. Peralto, D. Amatore e D. João de Castro. Após novas difamações feitas, é declarado novamente inocente e ortodoxo pela Inquisição de Paris, mas perde seus 3 discipulos — D. Joao virou cartuxo depois.

5. Vai estudar filosofia no Colégio Santa Barbara. Conhece, depois de um tempo, dois dos que seriam seus primeiros discípulos: Pedro Fabro e Francisco Xavier, que lhe resistiu por mais tempo. Leva ambos a fazerem os Exercicios, e os conquista para a causa de Cristo.

6. Em 1533, sua fama de santidade leva à ele Alfonso Salmeron e Diogo Laynez, que querem ser seus discípulos. Conhece também Simão Rodrigues, Nicolau Bobadilha e Jeronimo Nadal. Pedro Fabro é ordenado em 1534.

7. Em 1534, no dia 15 de agosto, decidem ir ao convento de Monrmartre para fazerem votos, para seguirem numa vida apostólica ate a terra santa, ou por-se a disposição do Santo Padre, caso não seja possível. Neste ano nasceu a Companhia de Jesus, no mesmo ano que o heresiarca Henrique VIII fazia seu cisma na Inglaterra e que Calvino espalhava seus erros e heresias em Genebra.

QUARTA PARTE: FUNDADOR DA COMPANHIA DE JESUS (1534–1541)

1. Enquanto Inácio vai a Espanha resolver os negócios de seus discípulos, Fabro conquista mais 3 discipulos através dos exercícios: Claudio Lejay, Pascácio Broet e João Cordure. Inácio, em sua viagem, conquista Diogo de Hozez.

2. Decidem se encontrar em Veneza em 1537, e fazem um caminho que passa pela Alemanha, e tem vivas controvérsias com os hereges luteranos. Chegando em Veneza, Inácio manda seus discípulos a Roma para conseguir do Papa autorização para ir à Terra Santa. O Papa, não permite, mas abençoa-os com paternal carinho e permite aos que não são ordenados, que o sejam.

3. São ordenados no dia 24 de Junho de 1937. Inácio, Fabro e Laynez vão para Vicencia; Xavier e Salmeron vão para Montelice; Rodrigue e Lejay vão para Bassano; Cordure e Hoces para Treviso; Broet e Bobadilha vão para Verona. Reunidos, decidem fazer apostolado nas grandes Universidades: vão em duplas, sendo cada semana um deles o superior. Inácio, Laynez e Fabro vão a Roma. Inácio é encarregado do serviço apostólico, Laynez da cadeira de escolástica e Fabro da cadeira de Escritura Sagrada no Colégio de Sapiencia. Não sendo possível ir à Terra Santa, vão todos a Roma se por a disposição do Santo Padre — chegam em 1538. Esperando p Papa Paulo III voltar a Roma para pedirem que constitua em Ordem Religiosa sua Companhia, começam a escrever as Constituições.

4. Em Roma, em 1538, tiveram controvérsia com o Frei Agostinho do Piemonte, que viria depois a apostatar à Fé Catolica para a heresia luterana. Continuam a cuidar dos doentes no Hospital de Roma, e neste mesmo ano, Inácio tem a alegria de conquistar seu sobrinho Antonio de Araoz para a causa de Cristo.

5. Erigida em Ordem religiosa em 27 de setembro de 1540. Inácio é proclamado Geral da Companhia em 19 de abril de 1541.
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QUINTA PARTE: GERAL DA COMPANHIA DE JESUS (1541–1556)

1. A Companhia tem uma fama de santidade tão grande, que são solicitados por todos os Estados Europeus. Xavier é enviado para as Índias, e Simão Rodrigues funda Colégio em Portugal; Fabro vai para a dieta de Worms na Alemanha, mas quem acaba por ficar na Alemanha é Bobadilha e Lejay; na Inglaterra da apostasia de Henrique VIII, Padre Salmeron e Broet; por fim, Padre Laynez vai à Venza. Neste ano (1541), Padre Cordure falece.

2. A Companhia esta cheia de noviços, entre eles: Antonio de Araoz (sobrinho do santo), Francisco Estrada, Diogo de Enguia e Pedro Ribadeneira. Exercitava-os profundamente na santa obediência, e não hesitava em expulsar os que não se adequassem. Daurinac conta algumas dessas provas a que submetia os seus:
“Assim, o santo fundador ordenava a um pregador que se ocupasse dos negócios da casa, sem cessar as suas pregações; queria que o professor de teologia ensinasse gramática; enviava o professor de teologia à cozinha.
 Um Padre preparava-se para celebrar a Santa Missa e estava já revestido dos paramentos; vinham adverti-lo de que o Padre Geral lhe queria falar e o padre devia tirar os paramentos e ir onde a obediência o chamava. Chegando diante do Padre Geral, este dizia-lhe simplesmente: — Vá dizer missa.” (p.243)

3. Entre as obras de catequese e regeneração, Inácio funda a Casa de São João de Mercato, onde dava asilo aos catecúmenos e neófitos vindos do judaísmo, que tinham receio da pobreza que geralmente seguia-se da conversão. Pede ao Santo Padre para que assegure aos judeus convertidos a conservação de seus bens legítimos ou adquiridos, o que foi concedido pelo Papa Paulo III. Neste ano, através dessa obra, Inácio pode batizar quarenta judeus. Outras obras são as casas para crianças abandonadas, protegida por um Cardeal; e nas suas visitas aos hospitais, retorna um costume devoto segundo o qual o médico só poderia fazer duas visitas ao paciente, a terceira necessitando que o doente faça sua Confissão antes, o que ajudava a não perder as almas que decidiam se confessar apenas de última hora; para as moças arrastadas pela miséria, o Convento de Santa Catarina as acolhe até o casamento, ou até a profissão religiosa, caso sejam chamadas a isto. Jeronimo Nadal faz os Exercicios e se junta à Companhia.

4. Os discípulos novamente se espalham pelo mundo. Paulo III chama Padre Laynez e Salmeron para o Concilio de Trento como seus legados.Há grande polêmica, uma vez que Fernando I deseja elevar o Pe. Claudio Lejay ao episcopado, e Inácio se opõe firmemente, para preservar o espírito de humildade da Companhia. Já nesta época, há cerca de 200 membros e 9 professos. Em 1546, Pedro Fabro morre. Apesar da expansão da Companhia, sempre é atacada e difamada: fica famosa a controvérsia entre Melchor Cano — ferrenho opositor da Companhia — e João Pena — dominicano, que defendeu a Companhia. Salmeron e Canísio vão à Alemanha combater os hereges luteranos.Funda-se ai o Colégio Germanico, para estudos dos alemães, onde os estudantes se comprometeram a permanecerem fieis à Fé Católica. Este foi o primeiro seminário semelhante aos que conhecemos hoje.

5. Inácio falece no dia 31 de julho de 1556, no dia do aniversario da aprovação pela Santa Sé dos Exercicios, com 65 anos. A sua obra, naquele momento já tinha 12 provinciais, mais de cem colégios, três mártires — um nas Indias orientais e dois no Brasil. 43 anos depois, o Cardeal Bellarmino — jesuíta, feito cardeal por Clemente VIII, sob pena de pecado — fez sermão por ocasião da morte do Santo, à qual teve o Cardeal Barónio como um dos ouvintes, que ficou maravilhado e pediu para que se colocasse uma imagem de Inácio na frente de seu túmulo, que foi como que uma autorização da devoção popular que se tinha. O processo foi aberto por Paulo V, de 1605 à 1609, e foi declarado bem aventurado; mais tarde, Gregório XV o canonizava em 12 de Março de 1622; Urbano VIII em 1623 declara Santo Inácio no nímero dos santos em uma de suas bulas, mencionando 200 milagres atribuídos.

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sexta-feira, 1 de março de 2019

Tomismo(s) - Correntes contemporâneas.

Este pequeno texto parte de um estudo que tenho feito acerca da recepção da obra de Santo Tomás de Aquino ( 1225—1274 ) na contemporaneidade. Trata-se de uma síntese da dissertação do Fr. Nicholas Case, O.P, “Thomisms: Methodological Plurality in the Study of St. Thomas Aquinas”(2013). Busca fazer uma discussão interna do tomismo contemporâneo, e investigar qual o fator de unidade e de divergências entre os diversos estudiosos da obra de Aquino, de forma a compreender como conclusões, metodologias e influencias tão diferentes podem ser unificadas sob o nome de “Tomismo”. Outro artigo que pode complementar este estudo, e que será uma fonte de inspiração para uma próxima postagem, é "Thomism and the Council"(1963, The Thomist), de Anthony D. Lee. Se esta pequena síntese parecer incompleta em alguns aspectos, se deve em grande parte à minha ignorância em relação a algumas correntes - por exemplo, das quatro correntes citadas, de três ja pude ler algo, mas do Tomismo das Fontes não li nenhum autor, e me reservo a fazer uma síntese da dissertação do Case. 

Iniciemos refazendo uma pequena cronologia da recepção da obra de S. Tomás. 

Logo após a morte do Aquinate, sua obra entra sob suspeita por sua influencia aristotélica — e os aristotélicos de seu tempo geralmente acabavam por defender teses heréticas — e tem 219 teses condenadas pelo bispo franciscano Etienne de Tempier em 1277. A partir dessa condenação, surgem algumas obras de caráter anti-tomista, como as de Willian de Mare, que em 1285 escreve sua “Correctorium Fratris Thomae”, e aprofunda a controvérsia contra alguns defensores de Tomás, como Richard Knapwell (+1288). 

Avançando já alguns séculos, Aquino volta a ser estudado na Espanha sob o influxo de Francisco de Vitória(1483- 1546) e seus discípulos imediatos — Soto, Cano e Banez — , até o tomismo espanhol do Século de Ouro encontrar o seu ápice na figura do jesuíta Francisco Suárez (1548 - 1617), que no século XVI desenvolve uma forma de tomismo peculiar, eclético, que se põe no entremeio das teses de Tomás de Aquino e de João Duns Scoto. Se seus contemporâneos o veem como fiel seguidor de Aquino, os historiadores contemporâneos conseguem ver nele uma das maiores rupturas com o Doutor Angélico e o prelúdio da modernidade filosófica. 
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Papa Leão XIII (1810-1903)

O último período seria o que inicia a partir da publicação — em 1889 — da encíclica Aeterni Patris, do Papa Leão XIII, na qual ele incentiva o esforço da inteligencia católica para refletir os problemas modernos à luz da Filosofia e Teologia do Doutor Comum. A partir desse período até nossos tempos, veremos uma diversidade de correntes de tomismos que parecerá estranho à um estudioso que queira analisar o retorno dos estudos na obra de S. Tomás de uma perspectiva externa: não basta dizer que o fator unificador é o objeto material, isto é, os temas estudados pelas ciências; sua diversificação se dá quando se considera sob qual formalidade o objeto está sendo considerado. São duas questões a serem feitas: (i) o que é focado neste objeto — seu objectum formale quod — , e (ii) de que forma isto é focado — seu objectum formale quo. Case diz que:
“Todos os diversos tomismos partilham em comum seu objeto material no corpus tomista. Mas o ponto de vista particular pelo qual este é discutido, isto é, seu formale quo e formale quod, diversifica-os. Aqui, como nas ciências especulativas, podemos ver por que diferentes formale quo e formale quod podem diversificar tomismos com base nos seus variados interesses, nos textos que cada tomismo escolhe analisar, bem como nem seus variados métodos filosóficos e teológicos ao interpretar e aplicar [a interpretação] ao texto.” (CASE, 2013, p. 16)
Fergus Kerr, em sua obra After Aquinas, divide os tomismos pós Aeterni Patris em quatro correntes principais: (i) Leonino, (ii) Transcendental, (iii) Analítico e (iv) Tomismo das fontes [Ressourcement Thomism].

O primeiro tomismo, o chamado Tradicional, ou Leonino, é aquele que surgiu imediatamente após a publicação da já referida encíclica. Teve autores grandes como Garrigou-Lagrange, Gallus Manser, Torrel, Edouard Hugon, mas acabou por ser muito criticado, uma vez que parecia se reduzir à uma discussão interpretativa da obra do Doutor Comum, e não uma filosofia vigorosa capaz de debater com as filosofias contemporâneas. Esta foi a impressão que seus autores menores e manuais latinos produzidos na época deu ao século XX, de um tomismo ossificado, de manuais, árido. Essas características foram muito criticadas pelo grande historiador da filosofia do século XX, Etienne Gilson, que escreveu em sua obra The Spirit of Thomism:
“…o escolasticismo tem sido mais ou menos um tipo de ensinamento repetitivo de escola, perfeito em seu aspecto formal e neste ponto superior à maior parte das filosofias modernas, mas pobre em seus conteúdos, incapaz de produzir novas ideias e ter um papel na interpretação racional do mundo moderno.” (GILSON, apud, CASE, 2013, p. 19)
Grande parte da produção era de conteúdo anti-moderno e anti-cartesiano, de tal maneira que se Case diz que o tomismo trabalha principalmente na questão da crítica do conhecimento — paradoxalmente, uma questão eminentemente cartesiana.
Um dos autores mais importantes dessa corrente, é Joseph Kleutgen (+1883), que buscava eliminar todos os resquícios de hegelianismo da filosofia católica alemã do séc. XIX. Sua obra buscou deduzir uma crítica à este aspecto da filosofia moderna a partir da formulação de 3 princípios fundamentais da filosofia tomista, que são, segundo Case:

“First, knowledge results from the fact that an image of the known object is produced in the knower by the concourse of the known object and the knower. Second, the known object is in the knower according to the mode of the knower. And third, knowledge becomes more perfect in proportion as the knower is more remote, by the nature of his being, from material conditions.” (CASE, 2013, p. 21)
Dessas teses deduz as bases de sua luta contra a filosofia moderna.
Os grandes problemas desse tipo de tomismo foram: (i) a sua interpretação nem sempre fiel a S. Tomas — de tipo suareziana — , (ii) a sua quase obsessão pelo problema epistemológico, e (iii) a sua aridez e pouca capacidade para refletir os problemas contemporâneos, uma vez que estava fechado em escola para qualquer influencia externa. Essa foi talvez uma das razões pelas quais o tomismo ficou muito tempo excluído das universidades seculares: parecia se reduzir a uma filosofia meramente eclesiástica.

Mas a bem da honestidade, este tomismo Leonino produziu muitos gigantes intelectuais. Todos conhecem a contribuição de Garrigou Lagrange - um dos maiores teólogos do século passado - em seus comentários à Suma Teológica, em suas obras de Teologia Dogmática e em seu livro "La Sintesis Tomista", no qual ele sintetiza e sistematiza os principais pontos da obra de Santo Tomás; outro autor que não pode ser esquecido é o Pe. Edouard Hugon, que escreveu - na minha visão - uma das melhores introduções à filosofia tomista "As 24 Teses da Filosofia de Tomás de Aquino", indispensável para qualquer iniciante; também temos as introdutórias de Gardeil, O.P, Iniciação à Filosofia de São Tomás de Aquino, que é uma introdução não tão introdutória assim, sendo bastante densa para os que estão iniciando. Estes são alguns dos Leoninos que li até agora e que me parecem elevar esta "escola" à patamares altíssimos, e fazem contraponto justamente à esse tomismo árido e manualístico.
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Garrigou Lagrange (1877-1964)
A segunda corrente, uma das mais controversas, chama-se Tomismo Transcendental, e é marcada principalmente por sua apropriação das categorias e temas da obra de Imannuel Kant para sua reflexão filosófica. O principal expoente dessa corrente é Joseph Marechal (+1944), que escreveu em 5 volumes a obra O Ponto de Partida da Metafísica, na qual busca responder quais são os fundamentos epistemológicos da metafísica se utilizando do método transcendental e a volta para o sujeito e buscando conciliar o realismo tomista e o idealismo kantiano. Para Marechal, o critica kantiana à metafisica não só não atinge o realismo metafisico de Santo Tomas, como também ao mostrar os limites do sujeito cognoscente, a própria crítica de Kant exige um fundamento real para a metafisica:

“If, as Marechal argued, Kant´s longing for epistemological unity was proof of the need for the absolute and vindicated return to realism, than surely Thomas Aquinas metaphysics was the best to use; after all, both already agreed metaphysics was natural and innate desire of the mind.” (CASE, 2013, p. 30)

A principal crítica a esta corrente é que, enquanto foge do pretenso “protecionismo” do Tomismo Leonino, acaba por cair em uma espécie de “acomodação” quanto às filosofias modernas, na maioria das vezes incompatíveis com o realismo metafísico de Santo Tomás ou com a Fé Católica, e por isso acabam por defender teses heterodoxas e modernistas, como Hans Kung e Karl Rahner, no período Pós Conciliar.
Essa corrente do tomismo foi muito influente, e teve como continuadores grandes filósofos, como o jesuíta Bernard Lonnergan, e alguns teólogos nada ortodoxos, como Karl Rahner.
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Bernard Lonnergan (1904-1984)
A terceira corrente, uma das mais frutíferas dentro dos ambientes acadêmicos e seculares, é a do Tomismo Analítico, que tem por principais expoentes Norman Kretzmann, Anthony Kenny, Eleonore Stump, Jan Pinborg e John Haldane. Os autores desta corrente constataram que uma das possíveis razões para o esquecimento da filosofia de S. Tomás nos ambientes acadêmicos, é a sua reputação eclesiástica que o faz parecer um autor relevante apenas para os problemas que a Igreja Católica enfrenta, mas não para os problemas da filosofia contemporânea, principalmente em sua matriz analítica. Essa corrente crê poder distinguir com clareza a filosofia de Tomas de Aquino de sua teologia, para torna-lo acessível aos ambientes seculares.

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Eleonore Stump

No Direito e na Ética, um autor se destaca: John Finnis (1940- ), cujas obras Lei Natural e Direitos Naturais e Aquinas foram intensamente discutidas e reabilitaram a filosofia tomista nas Universidades. Sua obra parte do insight interpretativo de Germain Grisez (1929-2018), que ao estudar a estrutura da razão prática, criticou grande parte dos interpretes do Aquinate e buscou reconstruir uma compreensão mais razoável do Primeiro Princípio da Razão Prática: "Bonum est faciendum et prosequendum et malum vitandum" (cf. Suma Teológica, I-IIae, Q. 94, a.2)
As duas principais criticas a este movimento é a sua negligencia aos aspectos históricos e das fontes do próprio S. Tomás, e também negligencia quanto ao desenvolvimento na compreensão de sua obra na história, a partir de seus defensores, comentadores do Século de Ouro, etc.


A ultima vertente, a chamada Tomismo das Fontes — em inglês, Ressourcement Thomism — surge de um movimento de retorno às fontes mais amplo, na teologia em geral, quando na década de 40–50 do século XX, buscou-se estudar novamente as fontes patrísticas com mais afinco, entender a história da teologia católica de maneira mais ampla — não a reduzindo ao periodo da escolastica — , interpretar a filosofia de Santo Tomás de maneira mais aprofundada a partir do conhecimento de suas fontes e se usar dessa reflexão para adentrar na análise dos problemas filosóficos e teológicos contemporâneos.

Ao contrário da crítica feita ao tomismo analítico, a este tomismo das fontes critica-se em razão de seu tratamento a temas exclusivamente teológicos, e parece deixar alguns problemas filosóficos contemporâneos sem um tratamento adequado, como a corrente analítica o faz.

Analisaremos em próximos posts o desenvolvimento (ou decadência) do tomismo no período pós-conciliar, após a década de 60. Também resta analisar algumas correntes menores de tomismos, como o tomismo de Etienne Gilson e Cornélio Fabro - que investigaram a fundo o caráter do actus essendi - , os tomismos de cunho platônico, e algumas correntes neo-aristotélicas que influenciaram esta história.

A Fama irrecuperável: As consequências da calúnia.

                                 Extemplo Libyae magnas it Fama per urbes, /                                   Fama, malum qua non aliud vel...