quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Tomismo e a Nouvelle Theologie

Anthony D. Lee, em seu artigo Thomism and The Council (1963), diz que ja na época de Leão XIII havia um anti-tomismo crescente, em razão de seu caráter árido e manualistico, que não era capaz de enfrentar os problemas contemporâneos. E esse anti-tomismo, na metade do século XX - período do Concilio Vaticano II -, se manifestou em duas frentes: (i) filosófica e (ii) teológica. Quanto à primeira, se manifestou principalmente pelo advento do existencialismo, que apesar de ter iniciado com Soren Kiekgard, como um movimento cristão, com Sartre se torna um movimento ateísta (LEE, 1963, p. 460), que pode ser reduzido à tese da primazia da subjetividade, manifestada na ordem teórica pelo subjetivismo relativista, e na ordem prática pela afirmação radical da liberdade dos sujeitos.

Ora, e se a filosofia é ancilla teologiae, i.e. serva da teologia, os erros filosóficos hão de influir no modo de fazer teologia. O fato é que, historicamente, as filosofias existencialistas tiveram uma grande influencia entre os teólogos; e uso das correntes filosóficas anti-tomistas começaram a ser vistas como compatíveis com a teologia, e buscou-se fazer um trabalho de conciliação para enfrentar os problemas contemporâneos, que gerou o que se chamou de Nova Teologia (Nouvelle Theologie). Lee, sobre essa Nova Teologia, diz que:
 The motives of the new theologians were quite Catholic, but their methods were existentialist. The motives in fact were apologetic; the leaders in the moviment were seriously and sincerely engaged in trying to save the Catholic faith amidst the politicalm social, intellectual and religious confusion of pre-War and post-War Europe. (LEE, 1963, p. 463)
Essa inovação metodológica e esse ecletismo levam a vários problemas, pois abre espaço à ambiguidades teológicas, culto à novidade, e enfraquecimento da autoridade da Igreja nessas matérias. e por isso, apesar de suas boas intenções, esse ecletismo não raro levava muitos teólogos à posições ambiguas - quando não heréticas. E para tentar resolver essa questão, em 1950 o Papa Pio XII publica a Encíclica Humani Generis, que busca esclarecer os católicos contra certa confusão trazida por alguns desses "novos teólogos".
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A filosofia de S. Tomás, entre todas, é exemplar para a filosofia católica justamente por seu caráter de serva da teologia, o que exige dela várias qualidades, citadas por Lee (1963, p. 456), que são : (i) universalidade e objetividade, (ii) metodologia capaz de investigação das causas nas diversas ordens da realidade, até alcançar a Causa das causas, (iii) capacidade de formar um corpo de conhecimentos acerca do universo e suas causas, (iv) incorporar o processo reflexivo crítico para identificar a conformidade de seus postulados com a realidade, ou seja, um critério de verificação e (v) abertura a novos dados e descobertas da experiencia humana.

Assim, se por um lado os tomistas devem "tomar de tudo e ficar com o que é bom" nas filosofias contemporâneas, deve ser cauteloso por manter seus fundamentos realistas objetivos que lhe protege contra um afã de novidade que pode ser, na maioria das vezes, antifilosófico. Para melhor compreender o papel do tomista no mundo contemporâneo, vale ler o artigo de Santiago Ramirez, O.P, "O que é ser um Tomista?" (Traduzido neste blog)

A Fama irrecuperável: As consequências da calúnia.

                                 Extemplo Libyae magnas it Fama per urbes, /                                   Fama, malum qua non aliud vel...